Emoções em potes de vidro

Paciência para lidar com o que não controlamos. Paciência para aceitar que há dias que a vida nos tira o tapete e caímos ao chão. Paciência para aceitar que, por vezes, precisamos ficar no chão. Aceitar situações, emoções, questionar sentimentos. Existem múltiplas perguntas na cabeça pelas quais não existem respostas. Chega sorrateira a culpa de sentir algo que não queríamos sentir. Singelamente se torna a angústia de ser preciso lidar com tudo, novamente. Lidar com assuntos que pensávamos já estar encerrados na nossa mente, no nosso coração. E a vida mostra que não. A vida mostra que há feridas que passamos para trás das costas porque sentir naquele momento seria demasiado, desajustado, quebrado. Então arrumamos as emoções. O tempo passa, os anos passam e tudo está intacto. Assim como uma estante com potes de vidro fechados com tampas, onde cada um deles representa as tuas emoções. Cada emoção ligada a um momento da tua vida. Existem potes que agarraste, foram abertos, usados, perdoados, resolvidos e esquecidos. Existem potes que guardas de purpurina, alegres, coloridos que são, simplesmente, momentos bons de recordar. E outros potes que teimaste de forma singela em deixar na estante, lá bem no fundo; estava a ser demasiado para lidar naquela fase da tua vida. E assim ali ficou, desornado, o meu pote de vidro. Talvez fosse chegar o dia de abrir o pote de vidro, que ficou lá atrás, esquecido, ignorado. Só que, o pote abre de surpresa, sem estares à espera, sem quereres. Quase como se o abrissem para ti. Não tens alternativa, não podes fugir. Assim é a vida a acontecer. Assim aparecem as emoções, não tratadas, não resolvidas, escondidas. E agora está aqui o pote de vidro, que só me apetece partir ou levar para outro lugar que não a minha estante. Só que este pote, esta merda deste pote, não é possível descartar.



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