sobre um beijo

fui ao encontro dos meus lábios com os teus, como já poderia ter feito este gesto um milhão de vezes em outros lábios. o mundo até pode parar sempre que acontece um beijo. e o nosso mundo realmente devia parar em alguns deles. e ali, não existiu mundo naquele momento. a minha aproximação a ti. o teu cheiro. a nossa respiração. pensei ter feito um movimento rápido e só depois percebi o quão lento havia sido. os teus lábios macios a tocarem nos meus. um gesto lento e suave, sem pressa. como um brisa de vento deleitável que nos beija a face em certas manhãs. passei os meus lábios pelos teus lentamente, da esquerda para a direita. como se tivesse a tocar em algo com medo de partir, mas de tão belo querer sentir. fico vulnerável enquanto te sinto, como se perdesse as forças. com a minha língua ainda tímida tentei alcançar a tua, como se fosse um vídeo em câmara lenta. sinto o teu sabor doce; sabor a maçã que ficou depois de uma cidra. talvez as restantes descrições molhadas, uma e outra língua, já todos saibamos. e acreditem que todas elas são, de facto, diferentes. fico a querer mais. a querer o teu corpo junto do meu. fico a querer pausar o tempo e desapareço naquele instante. mais além, contigo noutro lugar qualquer. nem um mapa naquele instante me conseguiria guiar. e é sempre o cérebro que termina com certos momentos. creio que foi assim que se cessou de alguma parte. podia descrever outros beijos nossos e nenhum seria igual. muitos são dignos de um argumento de cinema, pelos quais vale a pena viver. nunca foi amor, mas nem tudo tem de ser. se não for por isto que vivemos, então que a gente não viva para mais merda nenhuma.



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