Neste Natal o presente sou eu
Querido diário,
Neste Natal o presente sou eu contigo. Contigo onde me
lembro do cheiro daquelas manhãs quentes de Natal. Cheirava a fritos das
rabanadas e filhoses do dia anterior. Cheirava à lenha queimada e conversas
desvanecidas no fumo penetrante da sala. Contigo cheirava ao chá fervido, que
aquecia a manhã, enquanto eu, criança, acordava num alvoroço. Cheirava aos
doces sorrisos. Ouvia sorrisos ao correr pelo corredor até à lareira onde já
não estava a minha bota. Encontrava os presentes. Mal sabia eu que os presentes
não eram aqueles. Os presentes eram vocês. Os presentes, agora, encontram-se debaixo
da árvore. Existem as meias na lareira, onde cada um oferece o seu. As meias,
também elas são poucas. Mas têm o cheiro de uma vida. Têm as histórias dos que
partiram e o viver dos que ficaram. E neste Natal o presente sou eu contigo,
minha avó. Neste Natal, ainda estás comigo.
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