São Vicente cheira a memórias e a história. Tenho sentimentos ali com os que posso sempre contar. Tenho a minha Lisboa no olhar. É com pesar que vejo o nosso povo hoje. Alguma tristeza a observar. Tenho saudades de como os meus avós falavam. Como os vizinhos eram família. De como o bairro se manifestava. Como nos cumprimentávamos. Como existia preocupação com o próximo. De como corriam as notícias. Eu era miúda, tão miúda. Os adultos da altura levavam as coisas sério. As notí cias eram informação que não se duvidava. Liam jornais, informavam-se em livros nas bibliotecas. Talvez um povo fácil de enganar mas também um povo crente. Hoje é diferente. A televisão, a internet, os jornais, todos procuram atenção. Vendas e visualizações. As pessoas ficam perdidas. Escrevem alarmismos para vender, escrevem sem saber. Escrevem sem ver as consequências. Quando finalmente o alarme tocou, existe quem não queira crer. Mas pior que não crer é aquele que não consegue ver. Aquele que não sabe ler, aqu