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É este meu enfado

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O meu sorriso ficou inábil de sorrir. É um sorriso nú, desajeitado. Tento sorrir de forma radiante, pensando em mostrar os dentes, mas logo me transformo no sem jeito do costume. A minha pele é velha, com rugas e nem elas disfarçam das lágrimas que sinto. No espelho um reflexo meu, nauseabundo; foi o retrato que me deixaste. Fiquei sem cor, com a luz de uma alma amarrotada. É a tua lembrança que me dá o pouco de vida que me resta. Não sei ser sem ti; sou por ti. Jura de amor para viver, para ficar nesta terra perdida. Absorto neste coração doente. É este meu enfado, minha forma vida.

Pai

Dia do pai, é todos os dias que estamos juntos. Estar junto não é estar perto. Estar junto é ligação, aquilo que tenho comigo em ti. A nossa presença ainda que ausente. Em todas as formas que a podemos colocar. É todas as memórias que queremos guardar. Hoje e sempre, estamos juntos.

Hoje é diferente

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São Vicente cheira a memórias e a história. Tenho sentimentos ali com os que posso sempre contar. Tenho a minha Lisboa no olhar. É com pesar que vejo o nosso povo hoje. Alguma tristeza a observar. Tenho saudades de como os meus avós falavam. Como os vizinhos eram família. De como o bairro se manifestava. Como nos cumprimentávamos. Como existia preocupação com o próximo. De como corriam as notícias. Eu era miúda, tão miúda. Os adultos da altura levavam as coisas sério. As notí cias eram informação que não se duvidava. Liam jornais, informavam-se em livros nas bibliotecas. Talvez um povo fácil de enganar mas também um povo crente. Hoje é diferente. A televisão, a internet, os jornais, todos procuram atenção. Vendas e visualizações. As pessoas ficam perdidas. Escrevem alarmismos para vender, escrevem sem saber. Escrevem sem ver as consequências. Quando finalmente o alarme tocou, existe quem não queira crer. Mas pior que não crer é aquele que não consegue ver. Aquele que não sabe ler, aqu

Carnaval

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Os dias mais felizes, são os dias que me lembro de ti. Penso que te esqueci, recordo-te pelo olhar de uma janela. Janela nossa de memórias. Um sofá e uma casa de histórias. As ruas não se mudaram; a atmosfera lisboeta continua igual. Permanece tudo intacto assim como as minhas memórias, quando me lembro de ti. Recordo a tua voz, o teu sorriso. As tuas palavras e os conselhos que ninguém me dá igual. Na minha tristeza ouço a tua voz, que faz brilhar o sol dentro de mim. O teu abraço continua quente. A minha esoteridade assim o permite sentir. E as tuas palavras. As tuas palavras não são esquecidas. São elas que me guiam, nas conversas que não esqueci. Foste para longe, de onde não as posso ouvir. Permanecem sentimentos escondidos, assim como as ruas das quais eu fugi. Fugi da cidade que me deu à luz, que me reconstruiu, a minha cidade de memórias. Mas os dias mais felizes são os dias que me lembro de ti. Quando te recordo, sorrio. Quando te sinto, sou luz. És a estrela guia escondida, q